O texto foi escrito especialmente pra uma amiga. Os filhos iam passar uma temporada em Vancouver e ela queria dicas pra um bom começo na cidade. Eu, que tinha voltado recentemente de lá, sabia que o inevitável iria acontecer: a cidade falaria por si e os meninos cairiam de amores por ela rapidinho.
Mas atendi com gosto ao pedido, listei lugares, cheiros, cores, vivências e sabores que experimentei e percebi que gostaria que tivessem me passado também.
Como toda lista de dicas, esta é só um começo, claro. Vancouver tem muito mais e bom mesmo é se perder pelas ruas, se misturar ao povo e descobrir os seus próprios cantinhos.
Davie Street – Foi a área de downtown em que nos hospedamos e é conhecida por ser um local totalmente gay friendly. Entenda
Uma das paradas de ônibus pink da Davie St!
como “friendly” mesmo: é uma rua repleta de restaurantes, bares e mercadinhos, cheia famílias, velhinhos, jovens, casais hetero e também gays. Ou seja, não é exclusivamente gay como às vezes acontece no Brasil.
É lá que fica o Stephos, aquele restaurante grego que te falei. Tem fila na porta sempre, mas vale super a pena esperar – até porque não demora tanto. Os pratos são bem servidos e muito baratos, além de deliciosos. Se eles gostam de frutos do mar, podem pedir o Calamaria Dinner (acho que o nome é este, se não me engano), com anéis de lula e salada grega. Uma delícia.
Do lado do Stephos fica o Samurai, que foi o nosso restaurante japonês habitual em Vancouver: seja porque era pertinho de casa, seja porque os pratos são deliciosos, baratos e enormes. Fale pra ele pedir um sashimi aperitivo (parecem bifes de peixe!) ou os rolls de caranguejo do Alasca.
Para uma experiência gastronômico-antropológica , eu indico o Kintaro (na Denman St). É um restaurante japonês minúsculo, onde só servem noodles (aquelas sopas com macarrão), os cozinheiros só falam japonês e também tem fila na porta. Peça pra ficar no balcão, onde dá pra acompanhar o preparo dos pratos. Talvez na época que eles forem esteja muito quente para comer as sopas, que são pura “sustança”. Mas vale a pena ir lá, pelo menos uma vez.
E comida coreana é uma delícia, o difícil é entrar no restaurante e saber o que pedir. Com certeza eles vão conhecer coreanos por lá, então a dica é convidá-los pra apresentar a comida do país deles. Fizemos isso com uma colega de escola e não nos arrependemos: ela escolheu um ótimo restaurante e fez uma verdadeira degustação com a gente.
Escultura na English Bay: para se divertir!
A English Bay, que é uma orla que começa na Burrard Bridge e vai até o Stanley Park, é cheia de artistas de rua e gente fazendo piquenique, caminhando, correndo, jogando hóquei, andando de patins e bicicleta. Um astral. Também era pertinho da nossa casa, a gente ia lá direto, ótimo pro final de tarde, que é quando fica lotada. No comecinho da Denman tem uma loja de sorvetes maravilhosa (esqueci o nome, mas também tem fila sempre), onde eles misturam os sabores com castanhas, frutas, chocolates, você monta o seu. Tem que experimentar!
A área de Kitsilano, depois da Burrard Bridge, é muito bacana também. Tem uma praia lá, a Kitisilano Beach onde a moçada vai passar os domingos e finais de tarde. É lá que acontecem vários festivais, agora no verão certamente devem ter vários acontecendo. Tem um restaurante japonês lá, chamado Temaki Sushi, que até foi indicação da mulher do meu amigo, que é de Vancouver, ou seja, uma dica local. Fica no cruzamento da Broadway com a Arbutus, em Kitisilano. Nós comemos lá, é delicioso, mas um pouco mais caro do que os outros que te falei.
Granville Market aos domingos. Um dos meus passeios prediletos lá. É numa área de marina, onde atracam barcos de pescadores
com peixe fresco, pegamos um festival de camarão do Pacífico lá, compramos frutos do mar, muito legal. Tem uma loja chamada Lobster Man, que vende ostras frescas, camarões, frutos do mar. Vale super a pena. E o mercado, que é maravilhoso! Já que eles vão alugar apartamento, dá pra levar queijos, frios, massas frescas, estas coisas.
Ah, uma coisa legal de fazer é, assim que chegar lá, subir no Lookout, que é um prédio super alto, que serve como um mirante da cidade (com a carteirinha da escola eles dão desconto na entrada). Dá pra ter uma idéia muito bacana da geografia da cidade, onde ficam os principais pontos, além de ser bem bonito. Fundamental ir lá em um dia claro.
Um passeio imperdível: Stevenston, bem ao sul de Vancouver. É uma colônia de pescadores, bem típica, de onde dá pra ver os Estados Unidos. Delícia de ir em dia de sol, passear mesmo, e depois almoçar um peixe em algum dos restaurantes de lá.
Ir a Chinatown é demais também. Eu, que pensava que a Liberdade era o supra sumo de colônias asiáticas no exterior, fiquei encantada. É bem típica, vende de morcego seco a cogumelos gigantes, uma coisa maravilhosa de se ver, totalmente diferente do que a gente conhece!
O Museu Antropológico, na UBC (University of British Columbia) tem peças do mundo todo, mas o interessante mesmo são os totens construídos pelos indígenas de lá (eles chamam de first nations). Aliás os desenhos dos indígenas de lá são uma coisa linda, tem várias lojas pela cidade que vendem produtos com as estampas de first nations, pede pra ele trazer um brinco ou um anel de prata pra você!
E o jogo dos Canucks, time de hóquei que ele logo vai perceber que é onipresente na cidade. Eu não fui ver , mas deve ser bacana ir ao estádio assistir a uma partida de hóquei quando os Canucks jogam. A cidade pára!
Bem, estas são algumas dicas de lugares que considero imperdíveis. Eu poderia escrever mais umas três páginas, porque é realmente uma cidade com muitas opções. É claro que existem passeios mais turísticos e também legais, como o Sea Aquarium, andar de bike no Stanley Park e bate e volta pra Seattle (precisa ter visto pros EUA). Estas dicas que dei são menos óbvias, mais parte do cotidiano dos locais mesmo, que é o que nós gostamos de fazer.
Muita coisa bacana que estava acontecendo na época eu descobri no endereço http://www.tourismvancouver.com. É o site do turismo oficial da cidade mas não é nada careta, tem a agenda de eventos, dicas de pessoas da cidade, sugestões de passeios, estas coisas.
O chato é que o inevitável, uma hora acontece: é preciso voltar e realizar que Vancouver é muito, mas muito longe do Brasil…